sábado, 27 de dezembro de 2008

Complicações no mar

Tenho uma má notícia antes de você começar a ler esse texto: ele não tem final. Sabe como é, fui escrevendo à toa e não tive nenhuma idéia de como finalizá-lo. Então, você tem duas opções: ou completa ele com sua imaginação ou simplesmente xinga o autor quando terminar de ler.
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Ele pulou da escuna para a água azul do mar. Flutuou no ar por alguns instantes para depois atingi-la. Surpreendeu-se. Ao cair, afundou alguns metros na água e não sentiu chão, como esperava. Aquele trecho era profundo. Estranho, considerando que a praia parecia logo ali. Ouviu outros barulhos na água quando algumas pessoas saltaram da escuna também. Alguns pareciam tranqüilos com o fato de que não houvesse chão para pisar. Só descobrir isso fizera sua cabeça se encher de pensamentos nada animadores, até um pouco apavorantes. Sua mente produzia possibilidades um tanto mórbidas.

Mas ele não ia ficar ali parado na água, simplesmente pensando que o chão estava muito além do seu alcance. Queria chegar à praia. Talvez sentir um pouco de firmeza sob os pés o deixasse mais à vontade. Contudo, para se certificar de vez, tentou firmar as pernas em alguma coisa ali no meio do mar. Sentiu a parte inferior do corpo ser tragada para uma profundeza estranha e assustadora. Sua cabeça afundou e um pouco de água entrou-lhe pela boca. Quando a cabeça emergiu pelo empuxo, teve que tossir um pouco. Droga, tinha que nadar até a praia. Na verdade, precisava, para se sentir seguro. Daquele lugar onde estava, o casco da escuna parecia ter muito metros de altura. Ele não conseguia ver por onde subir e voltar. Tinha que ir para a praia porque estava começando a se desesperar e isso não era bom naquelas condições.

Posicionou o corpo e começou a dar braçadas na direção da areia. Nadava ora de olho aberto, ora de olho fechado. Sentia que estava se aproximando. Sim, para o solo firme; sim, para a segurança. Afastou da mente a pergunta que começava a se formar, pois ela trazia problemas e por enquanto, era bom resolver uma coisa de cada vez. Quando sentiu que o fôlego lhe faltava, interrompeu as braçadas e endireitou o corpo. Respirava pesadamente, com dificuldade. Mas isso não importava porque a areia estava bem ali a sua frente.

Procurou o chão com os pés. Surpreendeu-se. Ali ainda era fundo. Engoliu mais água que da última vez. Pôde senti-la entrando pela boca, queimando-lhe a garganta...Meu Deus, morreria afogado, era água demais...Quando a cabeça voltou ao ar livre, tossiu violentamente, sentindo impotência e um gosto ruim na boca. Maldita água...obrigou-se a nadar mais um pouco. Que merda, nadaria até estar dando braçadas na areia molhada. Pôde sentir, enfim, o chão tocando seus pés. O alívio envolveu-o como uma onda. Foi andando até a praia devagar, as pernas fracas, o corpo inclinado para a frente, tossindo. A julgar pelas vozes que ouvia, muitos dos seus amigos já estavam em terra. Caminhou mais um pouco e deixou-se cair sentado na areia, as pernas esticadas em forma de V, voltadas para o mar. Parecia que havia acabado de lutar contra um gigante. Inclinou a cabeça para trás. O céu lá no alto parecia infinitamente grande, infinitamente extenso, infinitamente azul. Depois olhou para o mar.

A bendita escuna parecia estar muito perto, mas na verdade se encontrava a só Deus sabia quantas braçadas de distância. Teria que voltar nadando, teria que voltar nadando, meu Deus! A simples idéia o deixava fraco. Alguém bateu em seu ombro. Um amigo lhe disse que o pessoal ia pegar uma trilha no meio do mato para tentar chegar num ponto mais elevado do morro. Era o único morro da pequena ilha, ao que parecia, e a escuna havia passado por dezenas de ilhas iguais a essa, todas com uma estreita faixa de praia ao pé de morros cheios de árvores. Estaria ele a fim de acompanhar a turma? Sim, ele iria, mas pediu ao amigo para ir na frente.

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Uma noite turbulenta

Quando você põe a cabeça no travesseiro, depois de um dia em que seus sentimentos estiveram confusos, o que há para pensar? Você pensa naquela situação que não queria presenciar, mas presenciou? Você pensa naquilo que queria ter feito e não fez? Você pensa na pessoa com quem queria conversar e de quem queria estar perto? O dia desfila diante dos seus olhos enquanto você contempla a escuridão do teto. No silêncio da noite, há risadas, há sorrisos que você gostaria de ter provocado. Imagens passam à sua frente, imagens bonitas mas ao mesmo tempo cruéis, imagens felizes mas ao mesmo tempo dolorosas.
Há como transformar o futuro? Há como deixá-lo mais favorável? As perguntas parecem infinitas noite adentro. Elas o impedem de dormir, impedem-no de fechar os olhos e ficar tranqüilo. Não há conforto nelas; elas incomodam e muito.
Quantas imagens nesse dia! Imagens que se somam a imagens anteriores, a sons anteriores, e não formam coisas boas. Há um vazio aí dentro que parece difícil de preencher.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Apresentação

Oi, tudo bom?
Eu não sei se alguém vai ler isso, mas como sou uma pessoa otimista - pelo menos, estou tentando ser - aí vai uma breve apresentação de mim mesmo. Sim, eu sei que vai ser chato ler e que você, sujeito impaciente, vai pular essa parte ou ir para outro site da internet. Paciência...
Pois bem, sou Alex, tenho vinte anos e um sonho - uau, que bonito, daqui a pouco o povo vai chorar! Mas é sério, meu sonho, meu grande desejo de alguns anos pra cá, é me tornar um escritor. Tarefa ingrata no Brasil, não é? Pois é, mas eu acredito que dá pra realizar qualquer coisa, quando se põe esforço e dedicação. Papo clichê, não é? Tô parecendo a Xuxa falando pras criancinhas acreditarem nos seus sonhos, a Xuxa que acha - ou deve achar - que o mundo é um conto de fadas e que as menininhas vão encontrar seu principe encantado. Tenho uma visão muito realista do mundo. Como diria um livro que eu li: Esse é um mundo velho e cruel. Eu quero ser escritor, quero um dia poder viver só de literatura, já que literatura é a minha paixão, já que as palavras são as melhores companheiras que se pode ter. Contudo, eu posso nunca conseguir isso; talvez ninguém nunca me dê valor como escritor; posso estar empolgado hoje e desanimar amanhã e nunca mais voltar a escrever e passar o resto da minha vida sendo, sei lá, professor de português - a profissão surgiu por acaso na minha cabeça.
O que nos define não são nossas habilidades, mas sim nossas escolhas (foi o Dumbledore do Harry Potter quem disse isso). Com essa frase eu quero dizer que a minha escolha é persistir no desejo de ser escritor, mesmo que não obtenha sucesso nenhum. E é por isso que decidi criar um blog, para movimentar a mão, trabalhar as palavras, brincar com elas, não deixar o desejo morrer. Então, devo escrever nesse espaço reflexões, pequenas histórias de ficção, idéias malucas e por aí vai. Quem sabe um dia alguma editora não se interessa pelo meu talento - isso se eu tiver algum.
Eu queria encontrar outros aspirantes a escritores também, então se você for um e acidentalmente entrar nesse blog, deixe seu recado para que assim possamos trocar informações sobre estilos, idéias, personagens, etc. O negócio é movimentar as coisas. Pô, vamos mostrar que também há aspirantes a escritores nesse país que só dá valor a jogadores de futebol e programas de TV imbecis.
Até a vista, então.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A cidade e os velhos

Não sei se é um bom texto pra começar, mas depois eu falo mais de mim.

Beleza?


Ele reparava agora, a cidade havia mudado. Prédios haviam caído, prédios haviam sido levantados, prédios envelheceram. De alguma forma, os prédios eram como as pessoas; quanto mais idosos, mais frágeis ficavam. As paredes descascavam, perdiam a cor, a estrutura ficava fraca, o interior se deteriorava...E por falar em idosos, e aqueles senhores sentados nos bancos do centro da cidade? Haviam envelhecido junto com ela, acompanharam suas mudanças. Devem ter visto muita coisa em suas vidas.

Olhava para esses idosos, que levantavam com os lábios toda uma vida ao sorrir.. Cabelos brancos; rostos enrugados, postura encurvada. São curiosas essas pessoas e era difícil não ser acometido por uma série de perguntas ao olhar para elas: Ao que eles se prendem? À vida atual ou à vida de antigamente? Qual será seu processo de pensamento? Como os pensamentos se formulam dentro de suas cabeças? Teriam eles dificuldades em se adaptar aos novos tempos? Estariam eles a anos-luz de compreender o mundo atual? Estaria a mente deles formulando pensamentos de outrora?

Apertem F5 para atualizar suas mentes, senhores!

As perguntas eram tantas que, na tentativa de olhar esse mundo estranho através dos olhos deles, ele se deu conta de que o mundo também estava ficando estranho para ele. Ele também vivia falando coisas do tipo "No meu tempo...".

Por alguma razão, nossa mente fixa residência num determinado momento da história e todas as mudanças que ocorrem dali em diante parecem transformar nosso lar doce lar. Lembramos que o mundo era de um jeito e agora está diferente. Nos agarramos à idéia de que certa época nos pertenceu, de que entendíamos tudo, de que tudo era familiar e não havia coisas estranhas.

Por que não fixar residência no mundo atual e abandonar o lar de outrora? Ou melhor, que tal não se estabelecer em lugar algum e pensar no mundo de uma maneira cigana, nômade? Que tal ser apenas um viajante nas transformações do mundo, sem estabelecer um ponto a partir do qual as coisas mudaram? Se nos desgarrarmos desse ponto, será muito mais fácil aceitar e conviver com as mudanças. Não teremos nenhum referencial, não nos preocuparemos com o que restou e nem com o que foi embora, pois todas as épocas serão nossas. Tudo nelas seria familiar. Não haveria comparação, porque vários seriam os nossos lares e nos concentraríamos em deixá-los agradáveis, não em reclamar. Sem amarras, sem grilhões, sem algemas. Fazer com que os vários momentos da história se tornem nosso lar.

Ele olhou para os idosos sob a luz daquele novo pensamento. Esse tempo atual era tão deles quanto seu. Essa cidade, esse mundo... Sorriu e uma idéia maluca surgiu na sua cabeça. A de ir até eles e dizer que todos, inclusive ele, haviam acabado de mudar de lar.